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Tomás de Aquino, Escolástica e Aristóteles

Atualizado: 26 de jul.



Teólogo e Filósofo Cristão Italiano


São Tomás de Aquino, San Tommaso d'Aquino, também chamado de Aquino, foi um teólogo dominicano italiano, intitulado Doutor da Igreja Católica, discípulo do grande escolástico Alberto Magno e Principal Pensador da Escolástica Medieval. Inspirado nas ideias do filósofo grego Aristóteles, o trabalho de São Tomás de Aquino esteve pautado no realismo aristotélico.


Aristóteles na Filosofia Medieval

O catolicismo crescia e havia a necessidade de formar novos sacerdotes, além de levar as bases da civilização ocidental a todos os povos onde o catolicismo havia chegado. Para isso, a Igreja incentivou a construção dos primeiros hospitais, asilos, universidades e escolas. Essas instituições continham bibliotecas que preservaram as obras gregas e romanas contra o vandalismo de povos bárbaros e islâmicos, após a queda do império romano. Tomás de Aquino resgatou e introduziu Aristóteles na filosofia medieval. As correntes medievais anteriores tinham por base Santo Agostinho e Platão.


O Racionalismo Científico entra em cena

O Racionalismo afirma que tudo o que existe tem uma causa Inteligível, mesmo que essa causa não possa ser demonstrada empiricamente, tal como a causa da origem do Universo. Ela privilegia a razão em detrimento da experiência do mundo sensível como via de acesso ao conhecimento. Também considera a dedução como o método superior de investigação filosófica.


Pela primeira vez na história, crentes e teólogos cristãos foram confrontados com as rigorosas exigências do racionalismo científico. Novas gerações de homens e mulheres, incluindo clérigos, reagiam contra a noção tradicional de desprezo pelo mundo e lutavam para dominar as forças da natureza por meio do uso da razão. A estrutura da filosofia de Aristóteles enfatizava a primazia da inteligência. A tecnologia tornou-se um meio de acesso à verdade; artes mecânicas eram poderes para humanizar o cosmos. Assim, a questão sobre a relação entre palavras gerais como “vermelho” e particulares como “este objeto vermelho” – que havia dominado desde o início a Filosofia Escolástica foi deixada para trás, e uma metafísica coerente do conhecimento e do mundo foi sendo desenvolvida. Filosofia Aristotélica-Tomista ou Tomismo

O pensamento de São Tomás de Aquino teve origem no contexto da Quaestio disputata. O debate e a argumentação em busca da verdade sempre foram incentivados pela Igreja, mas na época da Escolástica focou-se em entender qual o valor da fé e da razão. O grande feito de Tomás de Aquino e a base de seu pensamento é a união entre fé e razão. Como estudioso da filosofia clássica, ele conseguiu perceber a relação existente entre a lógica aristotélica e a fé cristã. Assim, Tomas de Aquino criou uma ponte entre filosofia e teologia.



A filosofia até então explorada era a de Platão. De um lado havia os dialéticos que defendiam o uso da razão para explicar tudo, do outro havia os deístas que queriam considerar apenas as Sagradas Escrituras como única fonte possível de verdade.


Tomás de Aquino sabia que tudo o que havia nas Sagradas Escrituras era verdadeiro, mas também entendia que Deus era misericordioso. Assim, os povos que não conheceram a Palavra, poderiam chegar aos conceitos básicos da fé pelo uso correto da razão. Mesmo vivendo anos antes de Cristo e numa sociedade politeísta, Aristóteles desenvolveu um pensamento lógico que apontava a existência de um único ser supremo, completo e anterior a todos. Portanto, fé e razão eram conciliáveis.


A partir daí, a época da Escolástica ficou marcada pela Filosofia Aristotélica-Tomista, ou simplesmente Tomismo, devido à junção de elementos da Filosofia aristotélica e da Teologia cristã. É a partir do conceito aristotélico de Primeiro Motor Imóvel que Tomás de Aquino desenvolve seu pensamento de provar a existência de Deus.


Diferença Entre essência, Substância e Existência


Os gregos observaram que existe um ideal das coisas formado pela sua essência. Isso é o que as tornam o que elas são. Para existir, acreditavam que essa essência deveria se materializar, ou seja, assumir uma forma que se vê e se toca, chamada substância.


Porém, Tomás de Aquino acrescenta a noção de que a substância não define a existência, é apenas uma possível consequência. Ele argumenta e desenvolve o pensamento de que a essência existe em si mesma, mesmo sem se tornar física. Caso contrário os nossos pensamentos deveriam ser físicos.


Assim o conceito da ontologia é resgatado, a parte filosófica que estuda a existência do ser em qualquer condição. Para Aquino, Deus é um exemplo de essência que não depende de substância para existir.


No homem não há apenas uma distinção entre espírito e natureza, mas também uma homogeneidade intrínseca dos dois. Aquino encontrou em Aristóteles as categorias necessárias para a expressão desse conceito: a alma é a “forma” do corpo. Para Aristóteles, a forma é o que faz uma coisa ser o que é; forma e matéria – aquilo de que uma coisa é feita – são as duas causas intrínsecas que constituem cada coisa material. Para Tomás, o corpo é a matéria e a alma é a forma do homem.


Physis e Logos, Duas Realidades da Natureza


A lógica da posição de Tomás de Aquino em relação à fé e à razão exigia que se reconhecesse a consistência fundamental das realidades da natureza. Uma physis (natureza) tem leis necessárias; o reconhecimento desse fato permite a construção de uma ciência segundo um logos (estrutura racional). Tomás evitou assim a tentação de sacralizar as forças da natureza por meio de um recurso ingênuo ao miraculoso ou à Providência de Deus.


Para ele, todo um mundo “sobrenatural” que projetava sua sombra sobre as coisas e os homens, na arte românica como nos costumes sociais, confundia a imaginação dos homens. A natureza, descoberta em sua realidade profana, deve assumir o seu próprio valor religioso e conduzir a Deus por caminhos mais racionais, mas não simplesmente como uma sombra do sobrenatural.


Havia o temor de muitos de que os valores autênticos da natureza não fossem devidamente distinguidos das inclinações desordenadas da mente e do coração. Teólogos de tendência tradicional resistiram firmemente a qualquer forma de filosofia determinista que, eles acreditavam, iria atrofiar a liberdade, dissolver a responsabilidade pessoal, destruir a fé na Providência e negar a noção de um ato gratuito de criação. Imbuídos das doutrinas de Santo Agostinho, eles afirmavam a necessidade e o poder da graça para uma natureza dilacerada pelo pecado. O otimismo da nova teologia sobre o valor religioso da natureza os escandalizou.


Embora fosse um aristotélico, Tomás de Aquino tinha certeza de que poderia se defender contra uma interpretação heterodoxa do “filósofo”, como era conhecido Aristóteles. Tomás sustentou que a liberdade humana poderia ser defendida como uma tese racional, admitindo-se que as determinações se encontram na natureza.



Em sua teologia da Providência, ele ensinou uma criação contínua, na qual a dependência do criador da sabedoria criadora garante a realidade da ordem da natureza. Deus move soberanamente tudo o que cria; mas o governo supremo que ele exerce sobre o universo é conforme às leis de uma Providência criadora que quer que cada ser aja de acordo com sua própria natureza.


Como Conciliar Fé e Razão

Averroës, o destacado representante da filosofia árabe na Espanha, conhecido como o grande comentarista e intérprete de Aristóteles, teve suas obras conhecidas pelos mestres parisienses. Parece não haver dúvida sobre a fé islâmica do filósofo de Córdoba; no entanto, ele afirmou que a estrutura do conhecimento religioso era inteiramente heterogênea ao conhecimento racional. A existência de duas verdades — uma da fé, a outra da razão — pode, em última análise, ser contraditória.


Esse dualismo foi negado pela ortodoxia muçulmana e ainda menos aceitável para os cristãos. Contudo, para Siger de Brabant, professor de filosofia na Universidade de Paris e um dos principais representantes da escola radical, ou heterodoxa, a qualidade da exegese de Averróis e a inclinação totalmente racional de seu pensamento começaram a atrair discípulos na faculdade de artes da Universidade de Paris.


Segundo São Tomás, Siger estava comprometendo não apenas a ortodoxia, mas também a interpretação cristã de Aristóteles. Aquino se viu encurralado entre a tradição do pensamento agostiniano, agora mais enfático do que nunca em sua crítica a Aristóteles e aos averroístas. O averroísmo radical foi condenado em 1270 e Tomás de Aquino, que sancionou a autonomia da razão sob a fé, foi desacreditado.


No curso dessa disputa, o próprio método da teologia foi questionado. Segundo Tomás de Aquino, a razão é capaz de operar dentro da fé e ainda de acordo com suas próprias leis. O mistério de Deus é expresso e encarnado na linguagem humana; pode, assim, tornar-se objeto de uma elaboração ativa, consciente e organizada, na qual as regras e estruturas da atividade racional se integram à luz da fé.


No sentido aristotélico da palavra, embora não no sentido moderno, a teologia é uma “ciência”; é o conhecimento que é racionalmente derivado de proposições que são aceitas como corretas porque são reveladas por Deus. O teólogo aceita a autoridade e a fé como seu ponto de partida e então procede a conclusões usando a razão; o filósofo, por outro lado, confia apenas na luz natural da razão.

A razão, para São Tomás, é uma capacidade humana criada por Deus. Portanto, quando a razão é bem utilizada, ela consegue aproximar uma pessoa à base da fé. Porém, quando a filosofia tenta explicar todos os pontos da fé ou acha que sozinha consegue explicar todo o mundo, ela acaba sendo incompleta e resulta em erros.



Cinco Vias para Provar a Existência de Deus

As cinco vias são raciocínios que provam a existência de Deus usando apenas a razão. Esse pensamento é uma regressão causal, ou seja, parte de um ponto e vai avaliando o que veio antes dele para o causar.


Baseando-se em Aristóteles, percebemos que o mundo sempre está em movimento e que a finalidade desse movimento é melhorar as coisas. Não existe nada em nossa realidade que seja absolutamente imóvel, até os relevos se modificam com o passar dos anos. Portanto, somente o que é perfeito pode ser imóvel. A partir disso, podemos dizer que as coisas existem em duas formas ao mesmo tempo:


Ato - é aquilo que é no presente, como existe agora.

Potência - é o que vai se tornar no futuro.


Exemplo:


A semente de uma árvore é uma semente em ato e uma árvore em potência. Por mais que no presente vejamos só a semente, ali dentro está todo o componente de uma árvore. Se não houver coisas artificiais prejudiciais, naturalmente a semente vai se tornar uma árvore porque essa é a sua função.


Portanto, o movimento existe para transformar a potência em ato. Então, a semente se transforma em árvore, e a árvore passa a ser o ato. Tendo esses conceitos em mente, Tomás de Aquino elabora as cinco vias:


1- O Motor Imóvel - no universo, todo movimento só existe porque há uma causa: se a folha cai, é porque ventou. Se ventou, é porque o ar se deslocou. Se o ar se deslocou, é porque houve diferença de pressão. Se houve diferença de pressão, é porque os átomos do ar se rearranjaram e assim por diante.


Por lógica, chegamos à ideia de que houve uma primeira coisa que causou o primeiro movimento do universo. Esse primeiro motor só pode ser imóvel, porque se fosse movido por alguém, deixaria de ser o primeiro.


2- A Primeira Causa Eficiente - se a primeira causa é imóvel e o movimento só existe para aperfeiçoar, então a primeira causa é perfeita. Na linguagem comum, dizemos que algo é eficiente quando cumpre a sua função, portanto, ser perfeito é ser eficiente. Se cumpriu todas as funções, todas as potências já foram concretizadas, então também é ato puro.


Aqui fica evidente que Tomás de Aquino enxerga Deus como o primeiro motor imóvel e eficiente. Esse raciocínio lógico mostra que o primeiro ser é onipotente (pode tudo e só depende de si) e onipresente (está presente em tudo e antecede tudo), bem como a teologia cristã afirma.


3- Ser Necessário e Ser Possível - se continuarmos o raciocínio, vemos que o primeiro ser é necessário para que todos os outros existam, pois ele é um ato com as várias potências. Portanto, existe o Ser Necessário (simplesmente é e não deixa de ser) e os Seres Possíveis (podem ou não existir, dependendo do Ser Necessário).


4- Graus de Perfeição - nesta parte, vemos um argumento inspirado em Platão e misturado com Aristóteles. Tomás de Aquino acaba desenvolvendo um raciocínio de hierarquia das coisas, dependendo do quanto de ato e potência há nelas. Quanto mais próximos de Deus, mais ato será porque menos tem que aperfeiçoar. Assim, surge a hierarquia das criaturas: Deus, anjos, humanos, animais, etc.


5- Governo Supremo - todo esse raciocínio deixa claro que há uma ordem no mundo, sendo a própria racionalidade uma forma de reconhecer a ordem que já existe. Isso é muito perceptível quando vemos o comportamento dos animais, das estações, das causas das coisas. Cada uma tem um grau de ordem.


Se conseguimos criar uma máquina que funciona ordenadamente, é porque temos inteligência. E se nós temos inteligência, é porque houve uma Inteligência suprema que nos ordenou assim.


Ética, Verdade Única e Direitos


No campo da ética, São Tomás de Aquino defendeu que a própria razão nos leva a agir de forma virtuosa, pois observamos que a mudança só existe com o intuito de melhorar. Dessa forma, há uma Lei Natural no interior de nosso ser que nos leva a agir assim, se dermos ouvido a ela.


São Tomás de Aquino, usando as cinco vias para provar a existência de Deus, chega racionalmente à ideia de Verdade única e absoluta. O primeiro motor imóvel é aquele que é ato puro, portanto ele contém e é a Verdade. Por isso, ela não pode ser relativa.


Para Aquino e Aristóteles, o homem é um animal social e político. Daí surge a primeira forma natural de relação humana, a família. Em um segundo momento, as famílias se uniram a fim de se ajudar e formar sociedades. Em um terceiro plano, a sociedade se organizou em um Estado para facilitar a mediação entre elas.


Portanto, o Estado se formou naturalmente, mas deve existir subordinado à família. Ele deve servir e não ser servido, ser controlado e não controlar, além de ter a função de proteger as leis naturais. Assim, se a maioria das famílias possui uma religião, moral e ética bem consolidadas, é justo que o Estado reflita isso.


A Suma Teológica e a Suma Contra os Gentios

Como teólogo, em suas duas obras-primas, a Summa theologiae e a Summa contra gentiles, Tomás de Aquino foi responsável pela sistematização clássica da teologia latina. Como poeta, ele escreveu alguns dos mais belos hinos eucarísticos da liturgia da Igreja Católica. Embora muitos teólogos católicos romanos modernos não considerem São Tomás totalmente agradável, ele é reconhecido pela Igreja Católica Romana como seu principal filósofo e teólogo ocidental.



A Suma teológica, obra-prima indiscutível de Tomás de Aquino, foi escrita como um livro didático para estudantes de teologia, cuja fé já era presumida. Nela, Tomás de Aquino faz uma clara exposição dos princípios do catolicismo, que foram aceitos pela Igreja e continuam válidos. Foi escrita com o objetivo de provar que a razão humana não se opõe à fé.


A Suma contra os gentios foi escrita como uma exposição sistemática e defesa da crença cristã para a persuasão dos incrédulos, e está entre os melhores textos da história da apologética.


Contexto da Metodologia de Tomás de Aquino


A forma literária das obras de Tomás de Aquino deve ser apreciada no contexto de sua metodologia. Ele organizou seu ensino na forma de “questões”, em que a pesquisa crítica é apresentada por argumentos pró e contra, de acordo com o sistema pedagógico então em uso nas universidades. As formas variavam de simples comentários sobre textos oficiais a relatos escritos das disputas públicas, que eram eventos significativos na vida universitária medieval.


Oposições a Tomás de Aquino


Em 1277, os mestres de Paris, a mais alta jurisdição teológica da Igreja, condenaram uma série de 219 proposições; 12 dessas proposições eram teses de Tomás de Aquino. Foi a condenação mais grave possível na Idade Média; suas repercussões foram sentidas no desenvolvimento das ideias. Produziu durante vários séculos um certo espiritualismo doentio que resistiu ao realismo cósmico e antropológico de Tomás de Aquino.


Legado de São Tomás de Aquino

A biografia de Tomás de Aquino é de extrema simplicidade; narra pouco, mas algumas modestas viagens durante uma carreira inteiramente dedicada à vida universitária: em Paris, na Cúria Romana, novamente em Paris e em Nápoles. Seria um erro, no entanto, julgar que sua vida era apenas a vida tranquila de um professor profissional intocado pelos assuntos sociais e políticos de sua época.



O drama que se passava em sua mente e em sua vida religiosa encontrou suas causas e produziu seus efeitos na universidade. Nas jovens universidades, todos os ingredientes de uma civilização em rápido desenvolvimento estavam reunidos, e a essas universidades a Igreja cristã havia deliberada e autorizadamente confiado sua doutrina e seu espírito. Nesse ambiente, Tomás encontrou as condições técnicas para elaborar seu trabalho - não apenas as ocasiões polêmicas para lançá-lo, mas também o ambiente espiritual envolvente e penetrante necessário para isso.


É dentro dos contextos homogêneos fornecidos por esse ambiente que é possível hoje descobrir a inteligibilidade histórica de sua obra, assim como forneceram o clima para sua fecundidade no momento de seu nascimento.


Tomás de Aquino foi canonizado santo em 1323, nomeado oficialmente Doutor da Igreja em 1567, e proclamado protagonista da ortodoxia durante a crise modernista do final do século XIX. Este elogio contínuo, no entanto, não pode excluir as dificuldades históricas em que ele se envolveu no século XIII durante uma renovação teológica radical - uma renovação que foi contestada na época e, no entanto, foi provocada pela evolução social, cultural e religiosa do Oeste. Tomás de Aquino estava no centro da crise doutrinária que enfrentou a cristandade quando a descoberta da ciência e cultura gregas, e o pensamento parecia prestes a esmagá-lo.



Biografia de São Tomás de Aquino


São Tomás de Aquino, nasceu em 1224/25, em Roccasecca, perto de Aquino, Terra di Lavoro, Reino da Sicília. Seus pais possuíam um modesto domínio feudal em uma fronteira constantemente disputada pelo imperador e pelo papa. Seu pai era de origem lombarda; sua mãe era da herança normanda posteriormente invasora. Seu povo foi distinguido a serviço do imperador Frederico II durante a guerra civil no sul da Itália entre as forças papais e imperiais. Tomás foi colocado no mosteiro de Monte Cassino perto de sua casa como oblato (oferecido como um monge em perspectiva) quando ainda era um menino. Em 1239, depois de nove anos neste santuário de vida espiritual e cultural, o jovem Tomás foi forçado a voltar para sua família quando o imperador expulsou os monges por serem muito obedientes ao Papa. Ele foi enviado para a Universidade de Nápoles, onde encontrou pela primeira vez as obras científicas e filosóficas que estavam sendo traduzidas do grego e do árabe. Neste cenário, Tomás decidiu juntar-se aos Frades Pregadores, ou Dominicanos, uma nova ordem religiosa fundada há 30 anos, que partiu da forma paternalista tradicional de governo dos monges para a forma mais democrática dos frades mendicantes e da vida monástica de oração e trabalho manual para uma vida mais ativa de pregação e ensino. Entretanto, foi na cidade de Colônia, na Alemanha, que Aquino escreveu suas primeiras obras, sendo discípulo do bispo, filósofo e teólogo alemão Santo Alberto Magno, conhecido como Alberto, O Grande. O encontro entre o evangelho e a cultura de seu tempo formou o centro nevrálgico da posição de Tomás de Aquino e direcionou seu desenvolvimento. Normalmente, seu trabalho é apresentado como a integração do pensamento cristão da filosofia aristotélica recentemente descoberta, em competição com a integração do pensamento platônico efetuada pelos Padres da Igreja durante os primeiros 12 séculos da Era Cristã. Tomás de Aquino deve ser entendido em seu contexto como religioso mendicante, influenciado tanto pelo evangelismo de São Francisco de Assis, fundador da ordem franciscana, quanto pela devoção à erudição de São Domingos, fundador da ordem dominicana.


Quando Tomás de Aquino chegou à Universidade de Paris, o influxo da ciência árabe-aristotélica estava despertando uma forte reação entre os crentes, e várias vezes as autoridades eclesiásticas tentaram bloquear o naturalismo e o racionalismo que emanavam dessa filosofia e, segundo muitos eclesiásticos, seduzindo as gerações mais jovens.


Depois de obter o grau de bacharel, recebeu a licentia docendi (licença para ensinar) no início de 1256 e pouco depois terminou o treinamento necessário para o título e privilégios de mestre. Assim, no ano de 1256 começou a ensinar teologia em uma das duas escolas dominicanas incorporadas na Universidade de Paris.


Na época da Páscoa, em 1272, Tomás retornou à Itália para estabelecer uma casa de estudos dominicana na Universidade de Nápoles. Este movimento foi, sem dúvida, feito em resposta a um pedido do rei Carlos de Anjou, que estava ansioso para reviver a universidade.


Em janeiro de 1274, Tomás de Aquino foi pessoalmente convocado pelo Papa Gregório X para o segundo Concílio de Lyon, que foi uma tentativa de reparar o cisma entre as igrejas latina e grega. No caminho, ele foi acometido por uma doença e parou na abadia cisterciense de Fossanova, onde morreu em 7 de março.

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