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Humanismo e Renascimento: O Homem acima de Deus

Atualizado: 25 de jul.

O Homem Assume o Lugar de Deus


O Humanismo foi um movimento social, econômico e cultural que modificou diversos padrões da Idade Média. Nele, o teocentrismo deu lugar ao antropocentrismo, ou seja, o ser humano e a condição humana passaram a dominar o pensamento europeu, distanciando-se da Igreja. A palavra antropocentrismo vem do grego anthropos (humano) e kentron (centro), assim como teocentrismo theos (Deus) e kentron (centro). Portanto, o "centro de tudo" passou de Deus para o homem.

Nas ciências, o pensamento humanista derrotou os dogmas e preceitos da Igreja e trouxe relevante progresso em áreas como física, matemática, engenharia e medicina. O movimento foi tão intenso que a ciência começou a ser desenvolvida para sustentar as hipóteses antropocentristas, assim como as artes e a literatura. Enquanto o domínio religioso se enfraquecia, o foco no ser humano era fortalecido.


O Principal Conflito no Final da Idade Média


A visão antropocêntrica defende que o mundo, assim como tudo que nele existe, é para benefício maior dos seres humanos. Sua doutrina liberta o homem da figura divina, por muitos séculos predominante em quase todo o mundo. No antropocentrismo – uma "ciência do homem" – os seres humanos são responsáveis por todas as suas ações, sejam elas culturais, sociais, filosóficas ou históricas.

O heliocentrismo de Copérnico e o Humanismo são os principais marcos do antropocentrismo. Nicolau Copérnico (1473 - 1543) afirmava que a Terra girava ao redor do Sol e não o contrário, como se pensava na Idade Média. A teoria de Copérnico era uma oposição total ao geocentrismo defendido pela Igreja Católica naquele período.


O processo de transição do teocentrismo para o antropocentrismo teve início entre os séculos XV e XVI, com o surgimento do Humanismo Renascentista e de outros movimentos liderados por filósofos, estudiosos e artistas. Essa transição ocasionou várias mudanças sociais, como a substituição do modelo feudal pelo capitalismo mercantil, o início das grandes navegações e a passagem da Idade Média para a Idade Moderna.



O Desenvolvimento das Artes no Humanismo e no Renascimento


Os intelectuais e artistas do Humanismo trabalhavam temas que tinham relação com a figura humana, inspirados pelos clássicos da Antiguidade Greco-Romana como modelos de verdade, beleza e perfeição. As esculturas e pinturas apresentavam altíssimos graus de detalhes nas expressões faciais e nas proporções humanas. Esse período foi marcado pelo desenvolvimento de diversas técnicas artísticas. Nas artes plásticas e na medicina, o Humanismo foi representado em obras e estudos sobre anatomia e funcionamento do corpo humano.


Com o Renascimento, poucas pessoas queriam ter obras que representassem a força e o poder da Igreja e da monarquia. O pressuposto básico dos artistas era a utilização da arte como veículo de crítica social, evidenciando temas comuns entre a população. Como consequência, as obras literárias e as grandes pinturas e esculturas apresentavam traços renascentistas e demarcavam os ideais humanistas.


Humanismo Secular e Laico


O Humanismo Secular, também conhecido como Humanismo Laico, foi uma corrente filosófica que abordou a justiça social, a razão humana e a ética. Seguidores do naturalismo, os humanistas seculares eram normalmente ateus ou agnósticos que renegavam a doutrina religiosa, a pseudociência, a superstição e o conceito de sobrenatural. Eles não viam essas áreas como alicerce da moralidade e da tomada de decisões.


A base, para os humanistas seculares, estavam razão, na ciência e na aprendizagem por meio de relatos históricos e da experiência pessoal como suportes éticos e morais que davam sentido à vida.


Contexto Histórico do Humanismo e do Renascimento


O contexto histórico do Humanismo se confunde com o do Renascimento, tendo em vista que foi o pensamento humanista que estabeleceu os fundamentos ideológicos que serviram de base para o movimento renascentista.


Entre os séculos XIV e XVII, o Humanismo determinou uma nova postura em relação às doutrinas religiosas em vigor na época, propondo um afastamento das mesmas e uma interpretação mais racional e antropocêntrica do mundo.



O Renascimento (ou Renascença) foi um movimento de reforma artística, literária e científica que teve origem na Itália, no século XIV e se espalhou pela Europa até o século XVI. Durante esse período, o pensamento humanista também foi caracterizado por tentativas de libertar o ser humano das regras rígidas do cristianismo da era medieval. Em sentido amplo, o Humanismo representou uma luta contra a obscuridade medieval e levou à criação de um comportamento científico livre de normas teológicas.


Visão Completa e Humana da Natureza Pelos Gregos e Romanos


Para alguns autores o Renascimento foi um movimento que rompeu com a "escuridão cultural e intelectual” da Idade Média. Outros acreditam que foi um movimento de separação de muitas filosofias da época medieval, em oposição àqueles que afirmam que foi um movimento de continuidade e que por isso está inevitavelmente relacionado com a Idade Média.


Os artistas da época valorizavam a cultura greco-romana pois consideravam que os gregos e romanos possuíam uma visão completa e humana da natureza, diferente dos homens medievais. Por conta disso, as qualidades mais valorizadas no ser humano na época eram a inteligência, o conhecimento e os dons artísticos.



O movimento renascentista abriu caminho para o desenvolvimento de vários estilos artísticos e correntes filosóficas. Alguns se desenvolveram em concordância com os valores renascentistas, enquanto outros se definiram pelo distanciamento, como o Barroco, caracterizado pelo exagero de enfeites e grandiosidade, em oposição à simplicidade do Renascimento.


Renascimento Artístico e Cultural


Para a arte, o Renascimento significou a criação de novos gêneros de pintura e escultura, para dar resposta ao novo gosto da sociedade da época. As primeiras manifestações no âmbito artístico surgiram em Florença, na Itália. Foram construídas várias obras arquitetônicas que permanecem até hoje. Na pintura, Giotto foi um dos primeiros a seguir essa corrente.


Os nomes mais importantes foram Leonardo da Vinci, Michelangelo, Donatello e Rafaello, com várias obras de arte mundialmente conhecidas.


Renascimento na Literatura


A filosofia e a literatura durante o Renascimento foram fortemente marcadas por vertentes humanistas, que colocaram o homem em destaque em todas as áreas.

Algumas das suas figuras mais conhecidas foram Miguel de Cervantes (Espanha), François Rabelais (França) e Luís de Camões (Portugal).


Renascimento Científico


O Renascimento também foi marcado por importantes descobertas científicas, sobretudo nas áreas da astronomia, da física, da medicina, da matemática e da geografia. Uma das descobertas da época foi feita pelo polonês Nicolau Copérnico ao contestar a teoria geocêntrica de que a Terra não é o centro do Universo, mas simplesmente um planeta que gira em torno do sol.



Galileu Galilei também se destacou como um importante cientista da época, ao descobrir os anéis de Saturno, as manchas solares e os satélites de Júpiter, porém foi perseguido e ameaçado pela Igreja, sendo obrigado a negar publicamente suas descobertas. Na medicina, os conhecimentos avançaram com trabalhos e experimentos acerca da circulação sanguínea, dos processos de cauterização e os avanços na anatomia.


Renascimento Comercial e Urbano


O Renascimento comercial e urbano ocorreu na Idade Média, sobretudo em algumas cidades da Itália e consistiu um conjunto de fatores que criou modelos de pensar e de comercializar produtos. A venda desses artigos também foi responsável pelo desenvolvimento de centros urbanos que muitas vezes organizavam as feiras comerciais. Quando soldados regressavam de expedições, frequentemente vendiam os despojos de guerra.


Assim, surgiram mercadores e uma nova classe social: a burguesia. Esses ricos comerciantes, conhecidos como mecenas, passaram a investir nas artes, o que aumentou assim o desenvolvimento artístico e cultural da região. Por essa razão, a Itália é conhecida como o berço do Renascentismo.

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