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Humanismo - Valorização do Homem e da Razão

Atualizado: 25 de jul.



Razão, o Maior Valor do Ser Humano


Na postagem anterior falamos sobre Humanismo e Renascimento. Agora trataremos exclusivamente do Humanismo como escola literária que teve o racionalismo e a valorização do homem como duas de suas características.

O Humanismo foi um movimento literário de transição entre o Trovadorismo e o Classicismo que marcou o fim da Idade Média e o início da Idade Moderna na Europa. Ele trouxe transformações ideológicas, sociais, culturais e psicológicas.

Aos poucos, foi possível consolidar a importância da ciência para a sociedade e distinguir os dogmas religiosos da razão humana para fortalecer o antropocentrismo em detrimento do teocentrismo. Francesco Petrarca, poeta italiano, é considerado o pai do Humanismo por contribuir na criação dos sonetos reunindo cerca de 300 em sua obra.

A linguagem do Humanismo é racional, histórica, política e teatral. Está baseada, sobretudo, na valorização do ser humano e no universo psicológico das personagens. A poesia palaciana, as crônicas históricas e os textos teatrais foram os temas mais utilizados pelos escritores humanistas.



Contexto Histórico do Humanismo


A hegemonia da Igreja foi quebrada e isso influenciou diretamente o modo de expressão da sociedade ascendente desse período, bem como sua relação com a espiritualidade. O fim do feudalismo causou a migração do campo para as zonas urbanas.

Surgiram as primeiras cidades (burgos) e, consequentemente, uma nova classe social, a burguesia. Os burgueses passaram a competir com a nobreza pelo poder econômico e social.

A expansão marítima, a invenção da bússola, a teoria heliocêntrica provada por Galileu, deu ao homem uma postura mais cientificista e racionalista. O comércio se expandiu e foram criadas pequenas indústrias.

Essa nova organização social, porém, trouxe consequências porque o povo, acostumado à servidão, não tinha nem estudo nem qualificação profissional para atender às exigências comerciais que se consolidavam.

Foi um período de muita fome e doenças. A epidemia da peste bubônica, conhecida como Peste Negra, por exemplo, dizimou um terço da população da Europa. A mudança do poder descentralizado em cada feudo pelo seu nobre responsável durante o feudalismo, levou ao absolutismo, poder centralizado nas mãos do rei.


Características do Humanismo

Transição entre Idade Média, Renascimento e Classicismo – no final da Idade Média a estrutura feudal, desgastada, começou a dar lugar a uma nova ordem social, econômica, política e cultural. Todas essas transformações trouxeram mudanças no modo de pensar de muitas pessoas, principalmente as mais ricas que residiam nas grandes cidades. Nesse contexto desenvolveram-se movimentos de caráter intelectual, científico e artístico, tais como o Humanismo, o Renascimento e o Classicismo.

Antropocentrismo – conceito filosófico que ressalta a importância do homem como um ser agente dotado de inteligência e de capacidade crítica. Ao contrário do teocentrismo (Deus como centro do mundo), esse conceito permitiu descentralizar o conhecimento que antes era propriedade da Igreja.



Racionalismo – vertente da teoria do conhecimento moderna que defende a natureza inata das ideias e que todo o conhecimento verdadeiro advém da racionalidade. Ou seja, é possível chegar à verdade apenas pelo exercício da nossa razão, antes mesmo da experiência sensorial. Um exemplo disso seria a matemática, onde não precisamos confiar em nossos sentidos para estabelecer que 2 + 2 = 4.

Surgimento da Burguesia – grupo de pessoas dedicadas ao comércio durante a Idade Média. O termo burguesia deriva de “burgos”, como eram chamadas as pequenas cidades que surgiram com o renascimento da atividade comercial na passagem da Idade Média para a Idade Moderna, entre os séculos XIV e XV.

Cientificismo – concepção filosófica de origem positivista que afirma a superioridade da ciência sobre todas as outras formas de compreensão humana da realidade (religião, filosofia metafísica etc.), por ser a única capaz de apresentar benefícios práticos e alcançar autêntico rigor cognitivo.

Antiguidade Clássica – longo período da história da Europa que se estende aproximadamente do século VIII a.C., com o surgimento da poesia grega de Homero, à queda do Império Romano do ocidente no século V d.C., mais precisamente no ano 476. Os artistas humanistas foram inspirados pelos estudos realizados anteriormente por pensadores clássicos gregos e romanos, sobretudo pela literatura e mitologia greco-romana.

Valorização do homem valorizar o homem acima de tudo, contemplando os atributos e realizações humanas. Com o distanciamento das questões religiosas, nesse período foi possível realizar novas formas de estudo acerca da arte, da ciência e da política. Inspirado nos modelos clássicos greco-romanos, houve a valorização do corpo e das emoções humanas.

Ideal de Beleza e Perfeição: aliado ao conceito de valorização dos modelos clássicos. Nesse período, buscou-se atingir a perfeição das formas humanas por meio das proporções equilibradas e da beleza perfeita.

Categorias Literárias Criadas no Humanismo

Poesia palaciana


A poesia palaciana era considerada a essência que orientava a linguagem do Humanismo. Feita por nobres para nobres e fidalgos portugueses, falava do amor de forma sensual e sem tanta idealização da mulher. Eram poesias musicais, porém não eram cantadas como na época do Trovadorismo.



Os principais temas utilizados pela poesia palaciana eram os costumes da corte, temas religiosos, satíricos, líricos e heroicos. O poeta português Garcia Resende (1482-1536), reunia a poesia palaciana no Cancioneiro Geral (1516). O cancioneiro reunia cerca de 900 produções poéticas da época.

Os principais escritores no Cancioneiro Geral foram Garcia de Resende, João Ruiz de Castelo Branco, Nuno Pereira, Fernão da Silveira, Conde Vimioso, Aires Teles, Diogo Brandão e Gil Vicente.

Diferenças Entre Poesia Palaciana e a Poesia trovadoresca

No Trovadorismo, a poesia estava intimamente ligada à música, daí o nome “cantigas”. As principais produções poéticas dessa época foram as cantigas líricas (amor e amigo) e as cantigas satíricas (escárnio e maldizer). Eram textos poéticos recitados e acompanhados por música e danças.

Durante o humanismo, o texto poético se separou da música e adquiriu sua independência. As principais composições poéticas criadas no período foram:


Vilancete – antiga composição poética de caráter campesino, constituída por um terceto glosado em duas ou mais oitavas, cujo verso final repete integral ou parcialmente um dos versos do terceto.

Esparsa – antiga composição poética, composta em versos de seis sílabas. Pequena composição lírica.

Cantiga – poema curto, próprio para ser cantado pelos trovadores, de tema leve e de grande aceitação popular.

Trova – composição popular poética vulgar e ligeira.



Crônica Histórica ou Prosa Historiográfica

É um tipo de crônica histórica que teve início na Idade Média (Trovadorismo) e atingiu seu apogeu com o Movimento Humanista, sobretudo com as obras do escritor português Fernão Lopes. Os autores relatavam a vida da monarquia a partir de documentos históricos, necessitando de objetividade para se relacionar com a razão.

Novela de Cavalaria

Também chamada de Romance de Cavalaria, gênero literário que vigorou na Idade Média, durante o Trovadorismo e o Humanismo. São narrativas derivadas de poemas épicos e das canções de gesta. Por serem longas, passaram a ser escritas em prosa.


Surgiram provavelmente na França e na Inglaterra durante os séculos X e XV e estão reunidas no conjunto da prosa medieval. Além de Inglaterra e França elas tiveram forte presença e foram popularizadas em Portugal, Espanha e Itália.



Os Romance de Cavalaria eram divididos em capítulos e sua principal característica são os relatos das aventuras fantásticas dos destemidos, leais e honrados cavaleiros errantes medievais que enfrentavam diversas batalhas sem deixar de lado o amor por suas donzelas.

A principal missão desses cavaleiros era estabelecer a justiça no mundo e adquirir a glória. Enfrentavam diversos monstros, lutavam em batalhas, prendiam reis injustos durante o percurso que faziam. No entanto, a história geralmente terminava de forma trágica.


Textos Teatrais do Humanismo

Eram divididos em autos (peças curtas e bíblicas) e farsas (peças que retratavam o dia a dia da sociedade de forma cômica). Teatro vicentino era o nome dado aos textos teatrais produzidos pelo dramaturgo português Gil Vicente durante o Humanismo. Teve início em 1502, quando ele apresentou sua peça O Monólogo do vaqueiro, também chamada de Auto da visitação.



O Humanismo em Portugal


O Humanismo em Portugal aconteceu de 1434 a 1527 e teve como marco inicial a nomeação de Fernão Lopes como cronista-mor da Torre do Tombo, em 1418. O marco da transição para o Renascimento foi o retorno do poeta Sá de Miranda da Itália com as novidades renascentistas.

Gil Vicente desenvolveu o teatro popular e se destacou com as produções em prosa (crônicas históricas e o teatro) e poética (poesia palaciana) durantes os séculos XV e XVI. Prosa e teatro juntos revelam as transformações de Portugal na política, na economia e na sociedade.



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